quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

VAI NIEMEYER, VAI CONSTRUIR UM CÉU NOVO

Não que eu já não esperasse por isso. Fatalmente esse dia chegaria, como chega inexoravelmente para todos, mas lá no fundinho da alma a gente sempre pensa que certas pessoas serão eternas, que não partirão. Na verdade, poucos passam por esse mundo e deixam atrás de si marcas que se perpetuarão, a maioria não deixa nem uma linha digna de registro em sua passagem. Oscar Niemeyer cravou no concreto milhões de linhas que borracha nenhuma poderá apagar. Sua longevidade foi tão surpreendente quanto sua obra. Era um danado, até nisso foi um revolucionário. Não mudou só a arquitetura do Brasil e do mundo. Mostrou a todos que também pode-se projetar uma vida brilhante. Aliás, dizia ele, "a vida é mais importante que a arquitetura" e só quem tem esse entendimento, de que nada vale mais do que o ato de viver pode criar de forma tão plena. Não estou de luto. Tive a felicidade de nascer na mesma terra curvelínea que o motivava. Pude conhecer sua genialidade enquanto vivo. Isso me torna uma privilegiada, assim como todos os brasileiros. Se dizia ateu. Não creio. Sua religião independia de qualquer credo, sua fé era na humanidade. Isto, para mim é a mais pura prova de crença. Tenho certeza que nesse momento ele está em algum lugar, procurando inspiração em alguma nuvem mais sinuosa para construir edifícios etéreos. Já pensou que maravilha, Oscar? Não vou lhe dar adeus, nem um até breve. Seu corpo partiu, mas sua essência continua aqui, portanto, como me despedir? Fico é com inveja de quem agora compartilha um outro plano com ele, pois não tenho dúvida, o céu ficará mais bonito.

domingo, 2 de dezembro de 2012

RESSACA AMIGA

Hoje ainda é domingo? Não sei. Dormi o dia todo, só levantei para comer. Estou de ressaca, mas prestem atenção, não de bebida, mas de bate papo, de comida gostosa, de boas gargalhadas, de uma noite prá lá de agradável. Tenho poucos e bons AMIGOS. Conhecidos, pessoas que até gosto bastante tenho muitos, mas aqueles prá valer, ah! estes são selecionados a dedo. Quero e gosto que seja assim.
Para mim os verdadeiros amigos podem ser comparados àquelas cracas que se grudam nos cascos dos navios. Não importa por quantas águas se navegue, por quantas distâncias se percorra, por perigosas tormentas que se atravesse, elas estarão sempre lá. Podemos não vê-las, mas sabemos de sua existência e de lá só sairão no momento em que quisermos fazer uma limpeza, separar o joio do trigo. É que muitas vezes algumas cracas não são verdadeiras, são meros parasitas. Colam-se a nós por não ter outro local para fazê-lo, porque podem tirar vantagens. Assim, não resta outra opção a não ser arrancá-las na força, raspando nosso casco até descascar a tinta. Volta e meia faço isso. Limpo sem dó nem piedade e deixo apenas aquelas que tenho certeza cruzarão comigo os mais bravos mares, as marés baixas, os tubarões, as ondas mais altas. Tudo isso que escrevi foi só para contar para vocês que ontem recebemos em casa, por conta do meu aniversário ( o verdadeiro,) um casal de queridos. Não os vejo com frequência, mas quando nos encontramos é sempre uma alegria, que vai noite adentro. Quando nos damos conta já está prestes a amanhecer. Por isso a ressaca, que como já disse no início, não ocorre por bebida, ou será que Coca Cola embebeda? Eu tomei sim , mas foi um coquetel de afeto, de carinho, de boas e divertidas histórias.
Depois que eles se foram, já perto das quatro horas da manhã é que fui tomar meu remédio de dormir, que não tem um resultado rápido, leva um tempo para o sono chegar e antes que ele viesse fiz aquilo que costumava fazer nas noites antigas de Natal. Deixei tudo limpinho. Antes de deitar, já de banho tomado, com a cara sem resquícios de maquiagem, as lentes de contato devidamente guardadas, nem parecia que havíamos recebido visitas. Tudo estava nos seus lugares. É verdade que meu corpo ainda está um pouco fora do eixo, minha cabeça ainda não está em seu funcionamento normal, afinal costumo dormir com as galinhas, já nem sei há quanto tempo não via um dia amanhecer e meus amigos, cá entre nós, uma noite não dormida aos 55 cobra seu preço no dia seguinte. Mas que venha a conta, pago-a com prazer e dou até gorjeta.