quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

HOJE É OUTRO DIA

Sempre que eu iniciava meus cursos de História da Arte, os alunos, indefectívelmente demonstravam claramente seu tédio. Não adiantava disfarçar, suas caras "muchibentas" não deixavam dúvidas: História da Arte é um saco!!!! Ai que engano!! E graças a Nossa Senhora Monalisa, logo eles percebiam que o estudo da Arte é o melhor modo de se conhecer a história do mundo. Através dela faz-se uma viagem por tudo o que aconteceu no planeta, desde os primórdios da humanidade e isso pode ser feito com paixão, com uma puta tesão cuja consequência é quase um prazer orgástico. Se podemos contar a trajetória do mundo através dos artistas, também podemos fazê-lo com as nossas vidas. Eu não falei que hoje eu poderia estar colorida como uma palheta de van Gogh? Pois não é que estou mesmo? O dia já amanheceu ensolarado, amarelo como seus Girassóis.
A tristeza, a incompreensão, o inconformismo de ontem ficaram nas tintas soturnas de Edvard Munch, na sua mais clara versão do expressionismo. Eu não gritei, mas a obra o fez por mim.
O que resta é se desnudar, posar para Modigliani, para que ele possa ver através da nudez a nossa alma.
E se é para fazer isso senhor Modi, por favor, me pinte com olhos, pois quero ver tudo, ainda que de uma forma meio desfocada, ainda que sejam apenas impressões.
Se é para ir ao inferno, quero abraçar o Diabo, porque sei que ele me fará ver o mundo com cores fortes, puras, violentas, despertará em mim a "fauve" numa "Dança" frenética que por fim me esgotará e me trará de novo à normalidade.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

1000 TONS DE CINZA

Nunca entendi o título desse livro, talvez porque não tenha tido motivação para lê-lo. Acompanhei todas as críticas e confesso, o assunto não me interessou. Então não li e como não li, não posso julgar. Também não é sobre ele que quero falar, apenas utilizei o mote do seu título para discorrer sobre outras coisas e são tantas que 50 tons seriam poucos. Cinza, para mim é sempre uma cor um tanto deprimente. Lembra rato, limbo, penumbra, pré-tempestade. É a cor que as antigas viúvas usavam após passar o tempo do luto fechado. Mas ela também pode ter um outro viés, elegante, fino e por ser neutro, combina com tudo. Mas isso é tema para outro post. Hoje quero escrever do cinza tristeza, funerário, das mortalhas que cobrem defuntos, da melancolia que provoca um dia sem sol. Cinza, hoje te odeio, com todas as forças da minha alma acinzentada. Tudo em minha volta carece de luz, de brilho. Estou cansada, principalmente das pessoas. Cansei da falta de educação, de ética, de bom senso, de delicadeza. Estou esgotada de correria, de ver milionésimos de segundos uma imagem na televisão, não aguento música sertaneja tocada em altos brados, não suporto vizinho que joga cabelo e pentelho pela janela do banheiro e ainda usa um lençol caindo aos pedaços como cortina. Mas isso são firulas se comparadas às verdadeiras desgraças. A essência do homem é maldosa, é maledicente, é dotada de um prazer mórbido em prejudicar o outro, mesmo que o outro seja seu vizinho de porta, mesmo que que o outro seja um pobre animal abandonado pela rua que é apedrejadao por uma cretina porque, em não tendo casa e muito menos um banheiro revestido de mármore, faz cocô na calçada do prédio onde a sujeita trabalha. Já subi em todos os meus saltos, rodei todas as minhas baianas, já tentei também lidar com as pessoas usando a boa educação, o fino trato. Bobagem, nenhuma opção deu certo. Então quero ir embora. Quero ir para um lugar onde não exista gente, com suas caras cinzas, com aquela cor característica de quem está a morrer de câncer. Não, não são as suas caras que estão "gray". São seus espíritos, suas vidas pobres e podres, suas infelicidades que querem contaminar a todos como uma peste bubônica. Se este lugar existe? Não sei. Vi numa pesquisa que a Dinamarca é o país com o maior número de pessoas felizes. Não levo isso muito a sério, felicidade é um conceito muito subjetivo para ser contabilizado, mas quem sabe é uma possibilidade. Desculpem, estou tão cinza que não quero nem ilustrar esse post com figurinhas. Amanhã quem sabe. Pode ser que eu acorde me sentindo uma palheta de cores de van Gogh.