quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A VITÓRIA DA CÉLULAS ADIPOSAS

Se é para falar de gordura, vamos começar o assunto com pelo menos uma obra de arte: uma tela de Fernando Botero, pintor colombiano, "expert" em pintar pessoas com excesso de peso. Ele as pintava no século passado, quando a obesidade era quase que um fato isolado e não um problema de saúde pública. Confesso: suas telas chocavam. Acho que ter um trabalho seu exposto na parede de uma sala de jantar, tirava o apetite de qualquer um.
Já comentei anteriormente que, quando pequena não era comum cruzar com pessoas "cheinhas" pelas ruas. Eu de verdade, só conhecia uma e tinha um medo imenso dela, coitada. Esse texto não pretende ser um tratado médico, sociológico, filosófico ou antropológico sobre a gordura. Isso é coisa para especialistas. Se quando criança, tinha medo de pessoas gordas, agora, já velha, tenho muito mais. Penso que podem ocorrer duas possibilidades, ambas desastrosas para o planeta, se não houver uma redução da gordura: ou ocorrerá uma explosão coletiva que cobrirá tudo com nacos de tecido adiposo ou a Terra afundará sob o peso daqueles que não se contiveram diante dos hamburguers, das batatas fritas, dos refrigerantes e etc, etc..
De toda a forma, nós, os magros, é que pagaremos o pato. Não, por favor, não achem que estou aqui a fazer chacota ou a escancarar um preconceito contra quem não tem um corpinho de sílfide. Da mesma forma que a gordura me espanta, os muito magros, escravos da ditadura da magreza, amantes de folhas de alface, também. As duas formas de ser são preocupantes. Escrevo sobre os gordos porque os tenho visto com uma frequência inusitada e eles se encontram em todas as faixas etárias, desde crianças, a jovens, adultos e os da terceira idade.
E estranhamente, ninguém se constrange com o excesso de pelanca que espaca de roupas justíssimas, biquinis exíguos. Todo mundo assume orgulhosamente seus muitos quilos a mais. Antigamente, os mais digamos, cheinhos, procuravam se ocultar com trajes mais recatados.
Hoje não. Não sei avaliar se isso é bom ou ruim. O meu foco não é somente pela estética disforme ( quem sabe estamos voltando ao tempo em que ser gordinha era sensual?). Não, o que me preocupa é a questão relacionada à saúde e não só à física, mas à mental também. Digo isso porque me parece que as pessoas estão a entupir suas artérias cerebrais de tal forma que perderam o senso do que é certo ou errado em relação aos alimentos. Pergunto: há quanto tempo voces não se deparam com uma criança devorando uma maçã? Maçã? O que é maçã? E banana? Não é comida para macacos? Mas se você der uma olhadinha básica a sua volta verá pequenos e nem tão pequenos assim, armados com sacos de salgadinhos, enfiados com volúpia boca adentro. Ontem fui ao supermercado. Na fila do caixa, atrás de mim, uma jovem mãe. Não pensem que sou uma xiita que não se rende a uma guloseima perigosa, mas meu carrinho era tão singelo que cheguei a ficar com vergonha das minhas frutas, dos meus legumes, do meu pão integral. Está bem, confesso, tinha também uma caixinha de folheados doces. Mas comparado ao carrinho da jovem mamãe, o meu era de uma pobreza absurda. Tive o trabalho de contabilizar o que ela comprava. Senão vejamos: 6 garrafas de refrigerantes; 5 pacotes dos grandes de salgadinhos de diversos tipos, inclusive aquele que tem cheiro de chulé; 2 bolos, 4 caixas de bombons. Quando cheguei a esse ponto desisti de contar. Ah! sim, esqueci, ela era gorda, bem gorda por sinal. A se tirar por ela, imaginem como seria sua prole?
E pensam que ela era a única? Façam uma pesquisa, num dia assim, de chuva, quando não há nada melhor a se fazer. Postem-se aos lados dos caixas e garrem reparo no que as pessoas compram para consumir. Garanto: voces ficarão horrorizados. As consequências deste banquete pantagruélico virão, não duvidem. E o remédio? Lipoaspiração, por ser o caminho mais fácil e rápido, ainda que nada seguro. Ah! esqueci também das cirurgias redutoras de estômago. Vamos a elas, pois.

Um comentário:

  1. Mas acho que umas colheres de doce de leite ou umas aboborinhas em xarope ocasionalmente, faz a gente feliz, nao acha? Beijos querida amiga!!

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