sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

EU IA ARROTAR, MAS ACHEI DESELEGANTE!

Não Amy, arrotar não é tão deselegante quanto você ter partido assim, sem sequer um bye bye.
Falta de elegância foi você ter nos deixado sem cumprir seu compromisso que era de nos aliviar a alma com suas músicas e sua voz. Voz de negra, de jazz, de blues, de dor,de esperança desesperançada. Ah! Amy, que grande mancada. Tenho lá, assim como todo mundo, alguns ídolos e quando eles se vão, seja por uma morte anunciada ou repentina, um pouquinho do meu coração vai junto. Chorei todas as lágrimas quando Ayrton Senna se foi. Me comovi com a morte do Papa (não que eu seja tão católica assim), fiquei mexida com a luta inglória que travou nosso vice-presidente, José de Alencar. E agora, mais recentemente, me condoí com a partida de Niemeyer. Inacreditávelmente não verti uma lagriminha sequer pelo Michael e olha que ele fez parte de toda minha adolescência. Não sei explicar o motivo, simplesmente não senti aquela comoção que seria de se esperar quando se perde alguém com o qual se convive muito tempo. Lógico que não o conheci, mas muitas de suas músicas viraram trilhas sonoras de minha vida. No entanto, o pouco tempo em que desfrutei de Amy foi muito intenso. Comecei a conhecê-la devagarinho, com a música Valerie. Até então, só sabia que ela era muito doida, muito drogada, com uma vida completamente fora de qualquer padrão que o senso comum considera normal. Fui me apaixonando aos poucos, a partir daquele show em que ela despudoradamente tira um dente que a estava incomodando e que deve ter incomodado muito mais os câmeras que devem ter se contorcido para filmá-la apenas de um lado. Não sei se embalada pelas bebidas que ela ingeria sem parar durante o show, o fato é que ela tinha uma leveza, uma graciosidade ao acompanhar as canções. Parecia uma bonequinha pin-up, com aquele estilo retrô, aquela maquiagem carregada, o cabelo parecendo um ninho de pomba louca e a voz, ah! a voz, inigualável.
Procurei saber tudo sobre ela, vi todas as fotos publicadas, até aquelas das unhas imundas. Corajosa a mocinha. Deixava-se expôr sem nenhum pudor em seus piores momentos. Não sei que triztezas ela carregava a tiracolo, quer dizer, sei um pouco delas, mas não aquela que fica como uma unha encravada que ninguém vê, mas que está lá e só quem a tem é que sabe o quanto dói. Hoje vi um show onde ela ainda se comportava como uma menininha. Bem vestida, bebendo moderadamente, tudo bem, pensou em arrotar, mas segurou o deslize em nome da elegância. Deu uma saudade, um querer mais, uma pena por uma vida tão precocemente desperdiçada. O que te fez querer ir embora? Sei que esse planeta muitas vezez é um merda (desculpem, fui deselegante), mas se procuramos direitinho e com afinco, conseguimos achar coisas que valham a pena. Não era para você desistir, jogar a toalha. Era para você ficar aqui, embalando meus devaneios com as suas músicas, continuando sendo minha "ídala". Agora não tenho ninguém. Nem Adele, nem Shakira, muito menos Lady Gaga. Bye bye Amy, está na hora de eu dormir. Espero que você também tenha bons sonhos e que onde você estiver não exista nem álcool, heroína ou qualquer porcaria dessas. O seu maior vício deveria ter sido o seu talento. Nada poderia tê-lo vencido.

Um comentário:

  1. Lindo post, querida amiga!! Fiquei com muitas saudades da Amy, com a lembranca que você fiz com tuas palavras, beijos

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