quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

BODAS DE CRISOPÁZIO

Alguém sabia que 27 anos de casamento são representados por uma pedra azul esverdeada, chamada de crizopázio? Pois é, eu não sabia, assim como não sabia que meus onze anos de casada significam bodas da aço.
Muitas vezes uma amizade pode valer tanto quanto um casamento (um bom casamento, que fique bem claro). Não sei exatamente o motivo, mas nunca escrevi nada sobre as minhas melhores amigas, na verdade nem mais amigas são. Somos uma irmandade que comemora neste ano 27 anos de convivência. A tal pedra de nome difícil tem, segundo os estudiosos do assunto,o poder de ativar, abrir, energizar o chakra cardíaco. Passa e estimula confiança e solidariedade. Muito apropriada essa pedrinha, para celebrar tantos anos de uma amizade que não se desfez com o tempo, com a distância, com os rumos diferentes que a vida tomou. Conheci Dulce em 1986, numa festa. A mim, num primeiro momento, me pareceu moça rica, vindo do interior, morando com uma empregada que cuidava de suas coisas. Bem arrumada, fazia vista. Bonita, um sorrisão de dentes perfeitos, olhos esverdeados. Magra, mas não muito. Diria que era e ainda é uma magra socada, não faz o tipo mignon. Dona de uma força só comparável a de seu pai. Sempre que queria fazer alguma mudança nos móveis lá de casa, bastava chamá-la, suas mãos suatentavam o peso de qualquer armário. Éramos ambas solteiras, e nos tornamos inseparáveis. Amigas de baladas, de chorar uma no ombro da outra,de emprestar roupas. Divertidíssima, Dulce. Topava qualquer parada. Não era rica como pensei a princípio. Pelo contrário, era de uma família classe média, lutava com dificuldade.Vinha de Guarapuava para Curitiba para estudar, mas ainda não havia conseguido entrar para a faculdade. Só alguns anos mais tarde conseguiu com muito esforço se formar em Educação Física. Bem diferente de mim, que sempre tive tudo com facilidade e só comecei a trabalhar aos 28 anos. Tempos depois, já com a amizade consolidada, conheci sua irmâ, Rosangela. Diferentes como a água do vinho. Enquanto Dulce era despachada, pândega, Rô, de beleza mais clássica, de pele alva e cabelos pretos (quase uma Branca de Neve) era uma rosa de estufa. Muito calma, serena, delicada, de pouco gosto pela vida noturna. Recatada, na verdade. Tivera uma filha ainda muito jovem, que ficara em Guarapuava, com os avós enquanto ela tentava dar rumo em sua vida, estudando e trabalhando em Curitiba. Sempre gostou de moda, então abriu uma loja, fez faculdade de Economia e permanece no mundo fashion. Nunca se casou. Sua filha, hoje advogada, tem a beleza de uma Penelope Cruz, é seu oposto em gênio, em forma de viver. É mulher contemporânea, dona de seu nariz, faz e acontece. Formamos um nó que nunca mais foi desatado. Elas ainda têm outra irmã, a mais nova, Giovani, belíssima, mas com ela pouco convivi, pois casou-se muito cedo, acho que com 17 anos e nunca deixou sua cidade. Menina lutadora, teve três filhos, passou por inúmeras dificuldades financeiras, mas superou-as todas e hoje é formada em Psicologia. Dulce, bem, a danada casou-se muito antes de mim. Acabaram-se as nossas noitadas de bagunça, de risadas. Fui madrinha de seu casamento e madrinha de coração de sua única filha, Nicole, criatura de ouro, a filha com que qualquer mãe sonha. Difícil acreditar, mas tem muito de mim. Não no temperamento ou personalidade (graças a Deus), mas nos gostos, nas preferências culturais. Adoro-a. No começo custei a gostar do seu marido. Curitibano dos bons, cheio de preconceitos, das firulas.Com o tempo, mudou. Alíás, acho que Dulce o fez mudar. É uma pessoa incrível, um querido, que hoje meu marido considera como um de seus melhores amigos. Em 1991 Rosangela morava comigo, mas eu precisei voltar para Blumenau. Pensei, essa amizade já de tantos anos vai se escoar pelo ralo da vida. Não foi assim. Nunca perdemos o contato, jamais deixamos de nos ver, sabemos quando uma de nós não está bem só por intuição. Temos a certeza de que nunca nos abandonaremos. Esse final de semana o passamos com Dulce e sua família em sua casa de praia. Recém construída, linda e aconchegante. Seus pais também estavam lá. O tempo colaborou, não saíamos da piscina, alías, só o faziámos para comer, um festival pantagruélico de camarões e churrascos que me custou dois quilos a mais na balança. Nosso encontro foi comemorado com o refinamento do crisopázio: um brinde com champangne na pérgula da piscina. Ainda tem muita história, mas vamos aos poucos que o santo é de barro. Amanhã tem mais
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