sábado, 29 de dezembro de 2012

GRAMADO SEM SITUAÇÕES INUSITADAS NÃO É GRAMADO

Dia 24 passou de forma tranquila. Pela manhã fomos à praia, mais tarde assei um tender, jantamos na casa de meus sogros, trocamos nossos presentes e voltamos cedo, pois o dia seguinte nos aguardava uma viagem longa até Gramado. Como tudo já estava pronto de véspera, partimos cedinho. Estrada sem muito movimento, um calor que nem o ar condicionado dava conta, música boa tocando e nós dois feito duas crianças, pois para nós não existe Natal sem Gramado. Chegamos cedo, arrumamos nossa barraca debaixo de um sol e um calor pouco comuns em Canela (cidade ao lado de Gramado). Como se deu esta história de acampamento? Ah! meus amigos, nada como uma boa aventura, já na "idade limítrofe" para dar sabor à vida. Em 2010 resolvemos que não gostaríamos de passar as festas de fim de ano aqui, em Balneário Camboriú. Também não queríamos ir para uma praia. Praia por praia já moramos numa. Assim, sem nem mais essa ou aquela, resolvemos que nosso destino seia Gramado. Mas onde? A poucos dias do natal, hotel era uma possibilidade impensável. Procurando na internet achamos um camping, em Canela.Pareceu-nos bom. Lugar bonito, ovelhas pastando, cachoeira, uma cantina com um ótimo café da manhã. Já tínhamos uma barraca e todos os apetrechos necessários, então, por que não? Fomos.
Chegamos a Canela debaixo de uma chuva torrencial, nem sei como, completamente ensopados, conseguimos erguer nossa barraquinha. A chuva não dava trégua e tínhamos duas opções: ou procurar um lugar mais abrigado ou dar ré e voltar. Tentamos a primeira. Foi o mesmo que tentar achar uma agulha em um palheiro. Nem um mísero quarto vago, um corredor, um viaduto. Nada. Tudo estava tomado por uma horda de turistas encantados pela beleza que nem a chuva conseguia apagar. Ok, se viemos ao inferno o negócio é abraçar o diabo. Vamos ficar e seja lá o que Deus quiser E a luz se fez. De uma forma estanha, a chuva parou por completo e nossos dias foram uma perfeição. Calorzinho agradável durante o dia, friozinho gostoso de noite. Nossa gana em conhecer tudo era tão imensa, só parávamos para comer ( e muito bem, por sinal) e dormir, quando nossos corpos já clamavam por nosso colchão inflável. Bom, nem tudo foram hortênsias. Já nas primeiras horas em Canela, quando a chuva já se tinha ido e meu marido procurava um lugar para estacionar nosso carro, eu, toda empolgada fiquei a fotografar a catedral de pedra, uma belezura emoestilo gótica. Tão fascinada estava que não vi a guia da calçada, coisa pouca, uns 10cm de altura, porém o bastante para eu virar o pé e cair no chão ainda molhado feito uma jaca madura.
Juntou gente, todo mundo querendo me ajudar, eu sem saber se ria ou chorava de dor. Olhei para meu pé, parecia um pão de casa. Entreolhei pelo meio do povo e vi a figura de meu marido, enfurecido, já pensando que teria que alugar uma cadeira de rodas. Mas, estóicamente me levantei e mancando feito uma mula velha fui carregada até um restaurante onde providenciaram gelo e depois uma comidinha divina. Preciso relatar os detalhes sórdidos daquela semana? Elegantemente tomei os cuidados necessários para amenizar o acidente. Não me privei de nada. Por vezes, a dor era tão grande que tinha vontade de chorar, mas não chorava não, pois mulher chique não chora, quando muito esconde as lágrimas atrás de óculos escuros. Tempos supimpas, lugares mágicos, povo educado (nunca vi nada igual aqui no Brasil), comida maravilhosa. Era a infância que há muito havia ficado para trás. Profusão de luzes, músicas, shows, brinquedos e inacreditavelmente, tudo fica exposto nas ruas, ninguém rouba nada, destrói nada. Acampar também foi uma delícia, era como se tivéssemos resgatado o espírito aventureiro da juventude. Ao chegar o dia da partida já estávamos resolvidos: próximo Natal de novo em Gramado e acampando. E foi o que fizemos. Leiam no próximo capítulo.

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