domingo, 30 de dezembro de 2012

NATAL NA LAPÔNIA

Nem vou me ater aos acontecimentos de 2011. Foi um ano negro, portanto, era natural que nas férias natalinas fôssemos buscar algo que nos trouxesse alegria. Assim, nem pensamos duas vezes. Qual seria nosso destino? Gramado, é óbvio! Onde mais encontrar beleza, ludicidade, emoção, contato com uma natureza exuberante, pessoas amáveis, comida de excelência? Como no ano anterior, o trajeto foi tranquilo e dessa vez pretendíamos passar lá o Ano Novo. Chegada ao camping (sim, porque adoramos acampar), a temperatura um pouquinho mais amena que o ano anterior. Recomeçamos nossa aventura, fomos ver lugares que ainda não conhecíamos, comer o que ainda não tínhamos provado. Mas algo estava fora do lugar. Já na primeira noite, três cobertores não foram suficientes para nos aquecer.
Acordamos com um frio glacial. Sabíamos que na serra a temperatura é sempre mais baixa, mas não estávamos preparados para o Polo Norte. Eu, não sei qual a razão, na última hora, ao arrumar a bagagem resolvi colocar um casaco mais encorpado. Foi a minha sorte. Meu marido, sempre na menopausa, achou uma bobagem, mas logo teve que dar a mão a palmatória e rapidinho foi atrás de um casaco de couro. Como meu cabelo ainda estava curtinho, a cabeça era o lugar mais vulnerável, nada restava senão comprar uma touca.
À noite, além dos pijamas, nos empacotávamos com todas as roupas de lã disponíveis, além das conbertas e dormíamos agarrados. Mas o frio ainda assim não nos impedia de aproveitarmos. De fato, era mais um motivo de diversão, parecia que estávamos na Europa, só faltava a neve. Certo dia resolvemos: é hoje que vamos tomar um café colonial daqueles!!! Nem almoçamos, queríamos guardar espaço para as guloseimas que nos esperavam. E que guloseimas!!!
Começou um desfile de comida de todos os tipos, impossível contar a variedade e a quantidade. Fui comendo. Um pedacinho disto, outro daquilo, mais um naquinho de uma torta irresistível, só mais uma xícara de chocolate quente. De repente, comecei a suar. Caramba, aquilo não era normal, já há muito os calorões da menopausa tinham me deixado e o ambiente, embora aquecido, ainda nem de longe lembrava um forno. Incontinente, feito dois ladrões, pedimos a conta e saímos correndo. Foi só o tempo de eu me sentar numa mureta do estacionamento e despejar tudo de bom que eu havia engolido não fazia nem uma hora. Ah! tristeza!!! E ainda por cima, comecei a tremer, não sei de frio ou de estar me sentindo tão mal. Voltamos para o camping e no caminho, nova parada para outro vexame. A noite chegava rápido e com ela mais frio. Ir ao banheiro era uma tortura;o xixi saía congelado. Os passeios foram se tornando complicados, era muita roupa para carregar sobre o corpo. O nariz de meu marido parecia um tomate, de tão vermelho e não parava de escorrer. Seus lábios racharam e minhas orelhas estavam prestes a cair. Capitulamos, nos rendemos às evidências. O frio lapônico nos venceu e resolvemos voltar. E voltamos decididos: ano que vem, nada de Gramado!!!. Mera ilusão. A vida deu voltas, atrapalhou nossos planos de irmos para outras plagas e teimosamente retornamos.

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