segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

PARA FINALIZAR O ANO COM BOM HUMOR

Há muito aprendi a fazer de um limão siciliano uma boa limonada suiça. De nada adianta se debulhar em lágrimas de crocodilo quando nos distraímos e deixamos o leite derramar. Assim, distraídos pelos afazeres diários é que nosso destino de final de ano foi de novo Gramado. Passamos o ano todo pensando em outro local. Um cruzeiro, quem sabe? Não sabíamos. Meu estômago é muito delicado, fico enjoada só de ver um barco no mar. Minas Gerais? Meu sonho de estudiosa de arte. Adoro Minas, sua comida, sua arquitetura barroca, suas montanhas, suas músicas. Decidido: mineiros, aí vamos nós. Mas, eis que o leite ferveu demais, sujou todo o fogão e deu uma trabalheira para limpar a meleca feita. Explico. Todos os anos, geralmente em novembro, vamos para Lages, para a festa da família de meu marido. Esse ano seria ainda mais especial, pois meu sogro faria 90 anos. Tínhamos um carro bom, um Bora, filhote de Hitler, disciplinado ao extremo, dotado de todas as características do povo germânico e sua eficiência. Havia passado um pouquinho da época da revisão dos 50.000 quilômetros, mas nós, como bons brasileiros, acreditando sempre no nosso famoso jeitinho, resolvemos que sim, não teríamos problemas em viajar, afinal o que eram 5.000 quilômetros a mais? Para nós, nada. Para os alemães, tudo. Quinze de novembro, carro lotado, sogro, sogra, malas, caixas e mais caixas de docinhos miúdos, partimos cedinho.
Logo um apitozinho impertinente se fez ouvir e após uma luzinha apareceu no painel. Não podia ser óleo, ele estava ok. Resolvemos ignorar e parar no primeiro posto que aparecesse na estrada. Trânsito de arrepiar, imaginem, era feriadão. Bem em cima do Morro do Boi, uma parte perniciosa da Br 101, cercado de caminhões por todos os lados, eis que o Fritz morreu. E morreu bem morrido, sem possibilidade de RCP. Meu marido, com aquela calma que lhe é habitual, nada disse. Como já era na descida, foi manejando devagarinho para o acostamento até cairmos direto num posto de gasolina. Ali o decujo teve seu atestado de óbito assinado: causa mortis, motor absolutamente fundido, para não dizer outra palavra. Chama seguro, chama guincho, tira malas, tira caixas de doces o que foi nossa salvação pois eram maravilhosos e provamos todos enquanto esperávamos as providências necessárias.
Como estávamos em Itapema conseguimos uma locadora de veículos que nos providenciou um novo alemão, não tão confortável, é verdade, porém poderia nos levar em segurança enquanto nosso carro era levado para o enterro na concessionária. Bom, a viagem que deveria levar em média quatro horas, levou sete, mas chegamos ao destino entupidos de tantos docinhos. Aí começou a novela do seguro. Paga, não paga, conserta, não conserta e os dias iam passando. Já era planejado uma troca por um novo carro, mas na revendedora não tinha o modelo que minha sogra queria, um Jeta. Ia demorar mais umas duas semanas. Com isso, nossa viagem para Minas ia se escoando pelo ralo. Faltando três dias para o Natal e sem outra opção, acabamos comprando um outro Fritzinho, desta vez um Polo. Carro bacana, cheio de misuras, zerinho. Mas nossa viagem ficou evidentemente inviabilizada. Não íamos ser loucos de nos despencar daqui até Minas e chegar lá sem encontrar um hotel. Então, não houve alternativa, era Gramado de novo. Confesso que fiquei até feliz. Natal em Gramado é um sonho. Bom, nem sempre, as vezes pode ser um pesadelo, como voces verão mais adiante. PS: aviso aos navegantes!!! Jamais desafiem Hitler. A Gestapo pode levar seu carro para uma campo de concentração

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